terça-feira, 23 de outubro de 2007

The long and winding road


Não é novidade para ninguém que eu amo viajar. Mas tem vezes que, vou te contar!
Qual foi a viagem mais longa que você já fez na vida? Eu já fiz algumas. Umas porque realmente o tempo era realmente utilizado para a conclusão da viagem e outras só porque parece que o tempo não passa.
Eu diria que o maior tempo que eu passei viajando seguido foi em 1995, num ônibus da rodoviária do Tietê para a capital das Alagoas. A viagem que tomaria apenas 40 horas da minha vida acabou levando umas horas de bônus. Não tinha ônibus leito, então fomos de convencional mesmo. Que loucura!
Uma parada a cada duas horas. Primeira manhã, aquela gente toda fazendo fila para tomar banho no banheiro de uma rodoviária em uma das cidades no caminho, as baratas passando nas quinas das paredes e eu sobrevivendo de salgadinhos daqueles que vêm lacrados e refrigerante com canudinho. Para escovar os dentes, só água mineral, na garrafinha mesmo. Confesso que fiquei mesmo sem tomar banho durante a viagem.
Na noite seguinte, o ônibus quebrou. Se não me engano, estávamos em algum lugar no interior da Bahia. E dessa parte eu lembro bem. Nós, sentados em cima das malas, junto com todo mundo, esperando para ver que solução eles dariam ao problema.
Depois de seis horas, chegou um novo ônibus - aparentemente a situação foi complicada mesmo - e logo reembarcamos, para continuar nossa jornada.
Em algum lugar de Sergipe, com o sol a pino, numa parada no meio da estrada entou o vendedor de jaca e doce de jaca. Nossa, já não bastava o enjôo de comer salgadinho durante toda a viagem, o homem entra no ônibus com meia jaca. Uma jaca aberta! Quem conhece o cheiro de jaca pode bem imaginar o que era aquilo, dentro do ônibus em que as pessoas estavam viajando há mais de um dia e meio, o sol fritando e o cheiro se espalhando.
As últimas horas foram difíceis. O corpo cansado, o estômago virado e o calor insuportável não colaboraram muito. Mas finalmente chegamos. E depois de um bom banho, fomos dar uma olhada na praia ao lado.
E foi nesse momento que tudo valeu. Quando a brisa me trouxe o cheiro do mar.
Ás vezes a vida é assim. A gente pega o ônibus, tem que dormir na cadeira ruim, atrasa para chegar, promete para si mesmo que se tiver que ser assim, não será e basta um minuto para apagar todos os momentos ruins e deixar a gente no ar.

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