quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Amigos Instantâneos


Neste momento de cansaço absoluto, nada melhor do que saber que a qualquer momento eu posso ir à Paris e lá estará um dos meus amigos com quem menos falo quando não estou lá, mas que quero muito, mas muito bem. E sem medo nenhum, posso dizer que a recíproca é verdadeira. Ficamos dois anos sem um saber do outro e quando nos encontramos foi como se o tempo não tivesse passado.
Essas amizades malucas, a gente só faz mesmo quando está viajando. Acaba conhecendo pessoas tão especiais, se aproxima tanto delas, mas a convivência não ultrapassa alguns poucos dias. São os instant friends, como eu gosto de chamá-los. Na hora em que você está mais precisando de ajuda, eles aparecem, estão sempre lá. Transformam qualquer momento ruim numa diversão.
Passei por algumas experiências deste tipo, por exemplo, em Praga, onde cheguei super cansada, depois de mais de 12 horas de viagem (de porta a porta) e acabei fazendo amizade com quatro das pessoas mais fantásticas que já conheci na vida e que me arrancaram da fadiga e me levaram para comer comida típica Tcheca - que por sorte não encontramos e quem me conhece sabe bem o porquê - e me puseram a dançar numa discoteca de cinco andares às margens do rio Vltava por mais de 8h consecutivas. Depois disso, eu e os quatro ingleses ainda jogamos shithead no senado até sermos retirados pelo segurança, porque o lugar ia fechar.
Também aconteceu em Dublin, na época da Copa do Mundo, onde conheci um canadense, uma eslovaca e um francês e por três dias, eramos os melhores amigos, dançando ao som dos músicos que tocavam pelas ruas à noite, bebendo vinho, Guinness e tudo mais que a Irlanda oferece enquanto comemorávamos as vitórias do Brasil e da França (neste caso a comemoração era mais deles do que minha, claro).
Minha primeira vez em Oslo também foi maravilhosa por causa das pessoas que conheci a caminho do albergue onde eu fiquei, que por coincidência era o mesmo onde eles ficaram. Aprendi minha primeira palavra em Africaans, fiz muitos passeios que jamais teria descoberto se estivesse sozinha e, de lá, já programei uma visita aos meus novos amigos em Edimburgo, onde eles moravam na época.
A Sicilia, no sul da Itália também me reservou alguns amigos assim. Conheci um australiano recém-chegado com quem acabei passando a maior parte do meu tempo em Palermo - por sorte, porque já tinha conhecido uma mala sem alça inglesa, que estava no mesmo quarto que eu no albergue e não desgrudava! Depois disso, fui para Catania, para onde o australiano foi no dia seguinte e nos encontramos novamente.
Ainda nos juntamos a uma inglesa que era um docinho e que me prometeu custard quando eu fosse para Londres e uma dinamarquesa que falava mais rápido do que qualquer pessoa que eu conheço (isso mesmo Bix, eu entendo o que você diz, agora, ela...) Nós quatro acabamos juntos numa trattoria com telão, assistindo à final da Copa do Mundo de 2006 e claro, estávamos todos torcendo pela Azzurra!
A amiga instantânea mais recente que eu fiz foi uma francesa, que eu conheci na minha última noite de Buenos Aires. Passamos a noite toda conversando e até hoje, vira e mexe nos falamos por MSN. Na verdade, a chance de ela deixar de ser uma amiga instantânea é muito grande, porque ultimamente temos nos falado com freqüência, o que em teoria, a tornaria uma amiga que vive longe, como tantos amigos que tenho assim, mas com quem mantenho contato permanente.

Um comentário:

Beatriz Marques disse...

como assim alguém que fala mais rápido do que eu??? q absurdo!