sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Liberdade Absoluta


La Liberté de l'homme, c'est l'innocence.
Alcuin de York 730 - 804(?)

Não quero entrar em nenhuma grande discussão filosófica ou política a respeito do que é liberdade. Na verdade, quero contar uma história.
Uma história de um viajante, gringo, que está vivendo um momento de liberdade absoluta.
Mas isso porque ele está enfrentando a situação de uma maneira que o deixa assim, completamente livre.
Esse viajante começou sua jornada partindo da Europa em direção a America, deixando seu apartamento no centro de Amsterdam para conhecer um pouco do continente onde nasceu e viveu até os seis anos.
Começou pelo Brasil, onde passou pelo nordeste e aproveitou a virada do ano. Logo nos primeiros dias do ano, uma menina que estava no mesmo alberque que ele recebeu um telefonema dizendo que as coisas que ela havia deixado armazenadas num depósito na Holanda não existiam mais por conta de um incêndio.
Por aquelas coincidências do destino, o viajante sobre quem se trata esta história estava ao lado da referida menina quando a mesma recebeu a notícia.
E por uma coincidência ainda maior, o depósito em questão também fora utilizado pelo amigo viajante antes do início de sua jornada.
Resumo da ópera: absolutamente tudo o que ele possuía, a parte a mochila que ele carrega para sua viagem de nove meses, pegou fogo.
Todas as memórias, tudo de valor material que ele tinha não exitem mais. Desde aquele exato momento, esse viajante é não tem mais nada que o conecte fisicamente a lugar algum. Mais ou menos como uma tartaruga ou um caracol, que carrega a casa nas costas.
Mas não se enganem - ele protege sua mochila com unhas e dentes.
"That´s all I have left now. Well, that and the memories in my mind" - his own words.
Mas isso parecia não incomodá-lo muito. Pelo contrário.
Claro que ele se chateou com a perda, mas, bom, o que passou, passou e não há nada que possa ser feito a respeito.
Então, daqui para frente o que este amigo instantâneo está fazendo não é mais viajar. Ele está procurando um lugar para começar algo novo. Não sabe se volta para a Holanda. Não decidiu nada.
O mundo é muito grande e está de portas abertas para que ele possa escolher - ou não - um lugar para ficar. E até que ele, por opção, volte a se enlaçar em algum tipo de rotina, por mais louca que seja, ele experimenta um momento de liberdade absoluta. E de descompromisso com qualquer tipo de planejamento.

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