quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A Lua da janela do avião


Ir. É o mais importante. Não importa como. A pé, de carro, de ônibus, de trem, de barco ou de avião. Foguete ainda não testei. Se alguém já testou, seja bem-vindo para compartilhar a experiência.
Viajando, não há nada como caminhar. Para conhecer um lugar mesmo, para que os pés toquem cada centímetro do desconhecido e o torne conhecido.
Mas existem distâncias que os pés não conseguem vencer. Seja pelo cansaço, pela falta de tempo... Não importa. Então, nada melhor do que pegar a estrada dirigindo. Com a sensação de controlar tudo. De que você pode chegar quando quiser, pode parar quando quiser. Escutando a música que quiser, na altura que quiser, sem ninguém para atrapalhar. Você pode cantar, gritar, ficar no mais absoluto silêncio. Não tem coisa igual a dirigir.
E quando não tem carro? Bem, entre ônibus e trem, eu fico com o trem. Mas no Brasil, infelizmente isso não é uma opção. Então, falemos do ônibus. Você vai ali, sentado, enquanto o cara da frente deita o banco inteiro em cima de você e a criança sentada atrás fica chutando seu assento. Na parada depois de 40 horas, depois de quebrar e trocar de ônibus, entra um vendedor de jaca. Com uma jaca aberta. É para nunca mais! Mas às vezes não tem outra solução. E tem gente, como eu tenho uma amiga, que entra, senta e dorme. E pode cair um meteoro que ela só acorda quando chega ao destino.
Agora, se tem o trem, não tem nem o que pensar. No trem você pode andar, você pode comer, você pode ir ao banheiro e algumas vezes pode acontecer de você nem ter que pagar. Você pode só admirar a paisagem pela janela, talvez conversar com a pessoa do lado - se ela for interessante.
Aliás, na Holanda, existe um jornal nos trens onde os viajantes colocam anúncios para procurar pessoas que conheceram uma vez numa viagem de trem. Se ainda me lembro da tradução, era mais ou menos assim: "Eu sou de Haia e ela de Breda. Fizemos uma viagem muito agradável, conversamos sobre tudo, inclusive sobre (alguma coisa bem específica que a faria reconhecê-lo), mas tive que descer e não conseguimos nem trocar telefone. Gostaria de encontrá-la de novo". Imagine isso num ônibus no Brasil.
E o barco? É um meio de transporte maravilhoso, mas muito limitado. De qualquer maneira, com o sol a pino e o vento no rosto, enfrentar as ondas é uma das poucas sensações de adrenalina que mi piacciono. Navegar é preciso. Navio, então, como diria uma amiga, c'est la classe! Um cruzeiro, oulálá!
Mesmo com prós ou contras, se for para sair de onde estou, não importa como. O único problema é o meu grande vício: o avião. Falem o que quiserem, podem cair de vez em quando, pode ter a criança pentelha te chutando o tempo todo, pode ter até o bêbado com o chulé na sua cara. Não tem nada igual. Não consigo ficar muito tempo sem subir aos céus. Preciso estar no ar. Ver tudo lá de cima, chegar mais longe. Nada pode dar errado. "Em caso de despressurização, máscaras de oxigênio cairam automaticamente". Exite algo mais confortante do que saber que mesmo se o mundo estiver acabando, o seu assento é flutuante? É um risco que se tem que correr, para conhecer o novo. Preciso pegar um avião urgente!

2 comentários:

Beatriz Marques disse...

Eu conheço essa amiga que entra, senta e dorme no busão?

Paloma disse...

Realmente você escreve bem em moxa...

Vc adora fugir do mundo né??!!! Me leva contigo qualquer dia, rsrsrs

Bjs Clau