domingo, 30 de setembro de 2007

Tu viens d'où?


A palavra gringo, de acordo com o Houaiss, vem da
deformação de griego 'grego' (grigo > gringo), com o sentido de língua incompreensível em comparação ao latim; na Espanha, aplicado apenas à linguagem, foi usado na América em relação aos estrangeiros, que falavam uma linguagem ininteligível.
No entanto, esta não é a única explicação para a origem do vocábulo. Conta-se que ele surgiu durante a guerra entre México e EUA, entre 1846 e 1848, porque os americanos cantavam "Green Grow the Lilacs" e os mexicanos repetiam, ou porque o uniforme dos yakees era verde (outra história questionével) e os mexicanos gritavam Green Go! Se alguém tiver mais alguma versão, por favor, compartilhe.
Não sei qual delas é a verdadeira, nem se uma delas é verdadeira. O fato é que por mais que se discuta a etimologia da palavra, seguramente, concorda-se sempre na semântica. Gringo é, ainda segundo o Houaiss,
qualquer indivíduo estrangeiro, residente em ou de passagem pelo país, especialmente quando falante de língua não vernácula.
E apesar de falar várias línguas, eu sempre sou gringa onde quer que eu vá. Nunca fui a terras muito orientais, mas não tenho esperanç alguma de ser considerada nativa por lá.
Na Ítália, já fui austríaca, americana, canadense, espanhola e alemã, além é claro de ouvir comentários do tipo: "Você não é branca demais para ser brasileira?"Na França, virei inglesa, australiana, belga e dinamarquesa.
Em Buenos Aires, no albergue onde fiquei, já fui holandesa - inclusive uma das vezes foi um holandês que achou -, irlandesa e francesa. No táxi, virei sueca. Enquanto derretíamos na capital portenha, o taxista me perguntou se no meu país não estava nevando. Quando falei que no meu país não nevava, ele virou para trás surpreso e me disse: "Desde quando não neva na Suécia?"
Em Estocolmo, numa loja de souvenirs, a vendedora também achou que eu era sueca. Segundo um amigo nórdico, eu só não poderia ser, porque meu cabelo é muito grosso.
De qualquer forma, todas essas situações não se comparam ao que me aconteceu no Brasil.
Uma vez, durante o carnaval, eu estava passeando a pé no Rio e um homem que descia do ônibus parou na minha frente e começou a sambar sorrindo. Eu olhei para ele com aquela famosa cara de interrogação e segundos depois, perguntei: "O que é isso?" Imediatamente, ele deixou de sorrir e disse: "Ah, você é brasileira." Parou de sambar, abaixou a cabeça e seguiu seu caminho.
Depois disso, foi no Morro da Babilônia, ainda no Rio, no boteco com vista para Copacabana e para o Leme. Paramos para tomar uma coca-cola, descansar e admirar a vista (na foto). O dono do boteco me olhou nos olhos e mesmo que eu estivesse falando português, me perguntou se eu era brasileira. Eu disse que sim e ele replicou: "Mas seus pais ou seus avós não são, né?" E minha resposta foi: "Nem os seus, né?" O homem olhou para cima, pensou por alguns segundos e abriu um sorriso amarelo.
E a última foi na Ilha Grande, quando o barqueiro disse para meus amigos, a meu respeito: "Essa nasceu para ser gringa!"
Então assumi. Sou gringa mesmo. Uma grande mistura de raças e nacionalidades e línguas. Não tenho pátria. Sou estrangeira dentro do meu próprio país. E em todos os outros lugares do mundo.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Mi manchi tanto


Milano é um lugar estranho. Todo mundo que vai para lá, tem um objetivo. E uma vez que esse objetivo é atingido, é hora de partir.
Poucas pessoas fazem de Milão uma casa. A maioria está mesmo só de passagem. E é estranho viver num lugar do qual as pessoas que lá vivem reclamam o tempo todo e fazem questão de manter a distância - Bisogna dare del Lei a tutti (tratar as pessoas de maneira formal).
Não é nem um pouco da idéia de Itália que se tem no Brasil. Mesmo os italianos dizem que a cidade é um caso a parte. Non è Italia!
Um amigo americano dizia que era culpa da localização. A cidade fica num 'buraco' circundado de montanhas. A umidade é insuportável. Qualquer que seja a temperatura, parece sempre pior.
Minha recepção foi a chuva. Três semanas de chuva incessante com uma variação de 4ºC a 2ºC. Os pés sempre molhados e o ventinho gelado ajudavam bastante na sensação termica ainda mais intensa. Frio. Como eu nunca havia sentido antes. Nem calefação, nem bolsa de água quente, nem banho quente, nem dez quilos de casacos resolviam.
Quando a chuva finalmente parou, achei que o frio ia melhorar. Doce engano! O frio permaneceu ali por mais três meses, sem dar trégua; eu tinha amigdalite semana sim, semana também e sair da cama era difícil. Meu edredon era muito mais convidativo.E o céu grigio deprimente não ajudava em nada.
Mas o tempo foi passando, a primavera chegou, depois o verão. No verão, o calor era também o maior que eu já senti na vida - e olha que eu já fui para o Nordeste. O céu não era mais tão cinza. E eu descobri o que é o verão na Europa. As pessoas ficam enlouquecidas, vão às ruas; os bares estão sempre abertos e cheios. É como se surgisse uma cidade nova. E a chuva, quando vinha, era um alívio para o calor.
Assim, dicotomica; eccolà Milano. E que falta que me faz agora!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Antoine de Saint Exupéry

L'immobilité saisit, chaque seconde plus grave comme une syncope, puis la vie repart.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Start spreading the news


I was a part of it. But once again I didn't belong.
O famoso "American Way of Life" ou "buy as much as you can" não serve para mim. De jeito nenhum!
Ao contrário das expectativas a respeito das mulheres, eu não gosto de fazer compras. Não tenho conta em banco e vivo só com cartão de crédito, mas eu mesma pago e nunca fiquei devendo.
Talvez seja esse o problema. Nos Estados Unidos, para se divertir, é preciso ter. Ao contrário da Europa, onde você consegue se divertir só sendo. Quem sabe se eu fosse milhonária. Mas acho que nem assim. Once in NYC, meus dois lugares favoritos eram o MoMA (cujo jardim está em destaque na foto) e o Central Park. Fui ao MoMa todas as vezes que foi possível, mesmo quando a minha amiga - que viajou comigo - já não aguentava mais. Ao Central Park, perdi a conta. Ah, e claro, os muito importantes Ferry para Staten Island e Carl Schultz Park. Todos os lugares onde se tem passagem livre. Não porque eu não tivesse dinheiro, mas porque eu não consigo mesmo ser dependente de nada, nem de dinheiro.
Gostaria de ter os olhos de outras pessoas para tentar ver essa cidade de maneira diferente. Como é possível que todo mundo adore tanto esse lugar onde as pessoas são mais mal-educadas do que em Paris - por mais groceiros que os franceses sejam, eles sempre dizem pardon quando esbarram em você. Os novaiorquinos fazem de conta que você nem está lá, passam por cima mesmo.
Chinatown é quase como uma 25 de março. Só que os preços são em dólares e as pessoas são mais mal-humoradas. A Times Square é como Picadilly Circus em Londres. Um mar de gente passando em todas as direções, milhões de luminosos piscando, just too much information.
Nova York é um lugar para se ver de longe. Do alto do Empire States Building - de onde em duas ou três horas tiramos mais de 500 fotos. O skyline é maravilhoso.
Outro lugar excepcional para ver a cidade é Hoboken. A cidade onde nasceu Frank Sinatra. Dalí, às margens do Hudson River, olhando para Manhattan dá para entender de onde veio a música do Mr. Blue Eyes. É uma vista imponente, impressionante. Para quem está numa cidadezinha de New Jersey, ver a ilha do outro lado do rio, com todos os prédios, imaginando todas as pessoas alí, observar as luzes da cidade que nunca dorme, tudo tão perto, é como olhar nos os olhos da Capitu do Machado de Assis, os olhos de ressaca; é como um ímã. Você tem que ir para lá.

domingo, 23 de setembro de 2007

Get lost!


Se existe um lugar no mundo onde basta estar, este lugar é Amsterdam. É impressionante como a cidade é inebriante. Talvez seja culpa da liberação e da liberdade que a Holanda transborda para o mundo. Sexo, drogas, festas.
Vale lembrar que os famosos coffee shops não são exclusividade da capital. É claro que os lugares menores têm apenas o número de coffee shops necessário para o consumo local - de acordo com as palavras de um amigo que vivia em Delft, onde existem apenas dois.
Bicicletas também estão por toda parte. Mesmo nos locais mais afastados. Passei alguns dias numa cidadezinha residencial ao norte do país e para ir ao mercado na cidade ao lado, tinha que ser de bicicleta. Existem ciclovias em todas as ruas e estradas e os carros e pedestres realmente respeitam os ciclistas. Quando vejo o Tour de France, me pergunto como eles não o ganham sempre.
Mas Amsterdam é especial. Alguma coisa na cidade parece que tira as pessoas do ar. Tudo é diferente lá, o povo é simpático - a menos que você tente falar holandês com eles -, os canais, as pontes que levantam, as que não levantam, os cafés, o xadrez gigante da Max Euwe Plein, o tram número 10, que passa pela Hoogte Kadijk, tudo funciona, é tudo um grande caos e tudo é lindo. Se eu pudesse, agora estaria lá, sentada no tram, esperando a voz do speaker falar. Bem em frente ao moinho de vento, em cima da ponte.
E logo na parada seguinte, desceria e andaria. À pé ou de bicicleta. Sem rumo. E me perderia. Porque Amsterdam é um dos poucos lugares do mundo onde é possível se perder. Talvez, essa seja uma das maiores características da cidade. Poucas das ruas são paralelas ou transversais. Elas acompanham e cortam os canais que são semi-circulares e cortados por outros canais. É assim mesmo, meio confuso por causa do Dam, a tal terra que os holandeses 'roubam' do mar a mais de 500 anos.
As casas à beira dos canais com os mais diversos estilos arquitetônicos; as casas-barco são especiais. A Museumplein, onde está o Van Gogh Museum - que poderia ser visitado incansavelmente - e onde acontece o Uitmarkt, um festival de abertura da temporada cultural da cidade, todos os anos.
And last, but not least, o Vondel Park ou Parque do Passarinho, com o Café do Filmmuseum, onde tardes viram noites sem que se dê conta, talvez por culpa do vinho e da cerveja.
Tantos lugares no mundo para explorar ainda. Mas Amsterdam é um dos lugares para onde vou. Sempre.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Recordar é Viver


Será? Quem cantou isso não tem a menor idéia do que está falando. Até agora, sempre falei sobre ir. Mas tantas coisas estão acontecendo que vou falar de voltar.
Voltar é uma das coisas que mais me tiram do sério. Já escrevi antes. Reviver coisas que já passaram, por melhores que tenham sido, só nos ajuda a destruir o encanto que a imaginação criou sobre a memória. Nada será como antes. E essa é uma lição que eu já aprendi.
Estou em pouco movimento nos últimos tempos, em comparação ao meu normal dos últimos anos e parece que foi essa a deixa para que o meu passado viesse bater à porta. O problema é que eu só abri para dar uma espiada e fui atropelada. E agora tenho que sair desta casa mal-assombrada. Que agonia é encontrar com esses fantasmas! O que fazer? Isso já aconteceu com você?
É... cada vez que a gente acha que vida está entrando nos eixos, que as coisas estão começando a se encaminhar, a gente percebe que tudo não passa de um fundo falso e que estamos de novo repetindo os mesmos erros e nos prendendo cada vez mais a uma realidade que talvez nem exista mais.
C´est décidé, je vis libre dés maintenant. Livre. Se eu conseguir.

Trecho de Volver, de Carlos Gardel

Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida...
Tengo miedo de la noche
que pobladas de recuerdos
encadenan mi soñar...

Pero el viajero que huye
tarde o temprano detiene su andar...
Y aunque el olvido, que todo destruye,
haya matado mi vieja ilusión,
guardo escondida una esperanza humilde
que es toda la fortuna de mi corazón.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Je t'aime, je t'aime plus, je t'aime encore, je t'aime toujours


Sempre teremos Paris. On aura Paris toujours! Chegou a hora de falar dela. Não existe maior paixão na minha vida do que essa cidade. Não troco por nada nem por ninguém. Ela não me deixa. E eu jamais a deixarei. Quantas manhãs acordei, vi os telhadinhos pela janela, tomei um banho rápido e fui correndo a boulangerie mais próxima para comprar un croissant et un pain au chocolat, sem nem me dar conta de la joie que isso me proporcionava?
Me lembro muito da época em que estava morando no sixième arrondissement, na Rue Bréa - para quem não sabe, é entre Montparnasse e Saint Germain-des-Près. Meu apartamento favorito, com janelas enormes, no último andar de um típico prédio parisiense(a janelinha lá em cima na foto era do meu quarto). Com a boulangerie ao lado, e o chocolatier atravessando a rua. A Brasserie ficava na esquina oposta à da padaria - aonde ainda está hoje.
Numa ponta da rua o metrô e na outra o Jardin du Luxembourg. Dez minutos à pé de qualquer lugar. Com um ônibus na porta de casa. Mas só para os dias de muita pressa.
Porque em Paris, não há nada melhor do que andar. Muito e sempre, por todos os lados, em todas as partes. Ver as construções ao estilo Haussmannien, do final do século XIX, que compõem todo o charme; ver as árvores enquanto passa por parques para chegar ao destino. Escutar todas as línguas, todos os tipos de música, todos os tipos de xaveco. E sentir o odor dos perfumes mais vendidos no mundo tentando encobrir um cheiro agudo de sujeira. É maravilhoso! É estimulo para qualquer sentido e para qualquer sentimento.
E assim, com os sentimentos à flor da pele, amo Paris, com tudo de bom e tudo de ruim. Com as pessoas simpáticas e as de mau-humor, bufando de quando em vez - aliás, foi assim que reconheci um grupo de franceses visitando o Mauritshuis em Den Haag, na Holanda.
De lá pra cá, a vida mudou tão rápido que às vezes me parece que tudo não passou de um figment of my imagination. Mas as memórias são tantas e tão reais que sempre me convenço de que as coisas realmente aconteceram.
Foram dias de verão, de sol, com trabalho (muito trabalho), gente nova e as pessoas de sempre - as fundações que na época sustentavam todo esse rêve.
Paris, a cidade onde ninguém fica só. Parece que o lugar encontra os pares e os une e nunca mais os separa. E lá, eu não estava só. Nunca.
Acho que foi por isso que me apaixonei por Paris. E um amor assim, incondicional e correspondido não pode ser abandonado.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Minha primeira vez


Viajar sem sair do lugar. Essa é uma opção para os de poucos meios financeiros, os de pouco tempo disponível e os que simplesmente não conseguem manter os pés no chão. Oscilando entre os três grupos, é possível se desligar de tudo voltando para casa. É o fantástico mundo da imaginação, da invenção e da mentira. Mentira com licença poética, é claro.
Imagine, por exemplo, você, sentado no seu carro, parado num trânsito daqueles intermináveis. Pra onde quer que você olhe, há carros. Luzes vermelhas e amarelas e algumas poucas verdes. Tudo se move em câmera lenta. Essa é a hora para viajar. Sair do seu corpo e estar num outro lugar. Neste instante, a música é minha melhor companheira. Mas não qualquer música, não a que toca na rádio. Tem que ser a que me transporta. A trilha sonora de momentos da vida. Como se fosse um filme. Eu sou capaz de passar horas entre soltar a embreagem, pressionar o acelerador levemente e pisar no freio, sem nem perceber o que está acontecendo a minha volta, se a trilha sonora for boa.
Alguns objetos também são capazes de servir como ativadores da memória. Fotos, claro, pedaços de papel com mensagens... Mas a memória daquilo que já se viveu não é tão intensa como a projeção de algo que nunca se viu. As possibilidades são infinitas. É claro que um pouco de álcool e uma atmosfera propícia podem ajudar e muito.
Em poucas oportunidades consegui me encaixar nesse tipo de situação. Uma delas foi fumando narguilé (ou xicha). Minha primeira vez foi em Paris, mais especificamente, num café marroquinho numa ruazinha de Montmartre. Com três amigas italianas. Só de entrar ali, com a música, os cheiros, o chá de menta, de sentar nas almofadas... Não estávamos mais em Paris. Falamos muito pouco. Creio que estávamos todas em outro plano. A única outra mesa do lugar estava ocupada por um grupo de homens com bigodes, falando árabe muito rápido. E nós em silêncio.
Depois disso, fumei com uns amigos num bar em São Paulo, numa das minhas visitas à cidade. Mas o local era muito barulhento e não tinha clima. Ultimamente, tenho a sorte de ter um em casa. E de vez em quando nos juntamos para fumá-lo. Me desligo completamente de onde estou e vou para um outro lugar. É um pouco Alice no País das Maravilhas. Como a lagarta, que desde pequena sempre achei fascinante.
Melhor eu parar por aqui. Este texto já está virando uma viagem.

sábado, 15 de setembro de 2007

Uma porção de terra cercada de água por todos os lados...

...é uma ilha. E como o início deste blog não é o início de tudo, vou começar pelo final. Pelo último lugar que visitei. Mas já deixo bem claro aqui que não respeito nenhuma linha do tempo.
Sem perder o fio da meada: quero falar da Ilha. Grande. Que no começo não foi assim tão impressionante. Fui com algumas amigas, umas que já tinham ido, outra que não. As que já conheciam o lugar estavam eufóricas. Nós que nunca tínhamos ido, precisávamos de um tempo para nós mesmas. Fora de tudo, sem saber o que nos esperava.
Não gosto de supersticões, mas às vezes as coisas parecem caminhar numa direção definida. Todos os preparativos, com nenhuma antecedência, foram fáceis demais, o albergue ainda tinha lugar para nós... E foi assim que eu fui parar na Ilha Grande. Era para estar lá. E conhecer quem conheci. E fazer o que eu fiz. Que por sinal foi ficar um pimentão. E andar de barco, de barca, de lancha e de ônibus e a pé.
O lugar é lindo, a água do mar é limpa - pelo menos fora da vila - e o céu tem estrelas. Mas não mexeu comigo. Pelo menos, não até o último dia. Porque, na verdade, eu só me dei conta de que estava onde estava no último dia. E por isso ele deixou de ser o último para se tornar o penúltimo.
Nos primeiros dias, fui ver os peixes na Lagoa Azul, as ondas na praia Lopes Mendes, mas não queria muita conversa. Ainda não tinha me desligado de nada. Não queria falar muito, nem sair de dentro do meu casulo. Queria ficar quieta no meu canto. Conversar socialmente.
No último/penúltimo dia, na praia mais simples, faltando três horas para o nosso barco ou barca ou lancha ou sei lá o que voltar para Angra, parece que lightning stroke.
Já não queria mais ir embora, comecei a me divertir, e estava lá, de novo no meu ambiente, escutando histórias de outros estados, de outros países e pensando em como eu sou tão igual a todas aquelas pessoas que são tão diferentes de mim. Encontrei na Ilha um lugar para descansar, uma companheira de viagem e uma amiga. E saí satisfeita. Mas só no dia seguinte.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Frase do Dia

Voltar é uma ilusão. Estamos sempre indo. Keep Walking. Johnny Walker.
Cheers!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A Lua da janela do avião


Ir. É o mais importante. Não importa como. A pé, de carro, de ônibus, de trem, de barco ou de avião. Foguete ainda não testei. Se alguém já testou, seja bem-vindo para compartilhar a experiência.
Viajando, não há nada como caminhar. Para conhecer um lugar mesmo, para que os pés toquem cada centímetro do desconhecido e o torne conhecido.
Mas existem distâncias que os pés não conseguem vencer. Seja pelo cansaço, pela falta de tempo... Não importa. Então, nada melhor do que pegar a estrada dirigindo. Com a sensação de controlar tudo. De que você pode chegar quando quiser, pode parar quando quiser. Escutando a música que quiser, na altura que quiser, sem ninguém para atrapalhar. Você pode cantar, gritar, ficar no mais absoluto silêncio. Não tem coisa igual a dirigir.
E quando não tem carro? Bem, entre ônibus e trem, eu fico com o trem. Mas no Brasil, infelizmente isso não é uma opção. Então, falemos do ônibus. Você vai ali, sentado, enquanto o cara da frente deita o banco inteiro em cima de você e a criança sentada atrás fica chutando seu assento. Na parada depois de 40 horas, depois de quebrar e trocar de ônibus, entra um vendedor de jaca. Com uma jaca aberta. É para nunca mais! Mas às vezes não tem outra solução. E tem gente, como eu tenho uma amiga, que entra, senta e dorme. E pode cair um meteoro que ela só acorda quando chega ao destino.
Agora, se tem o trem, não tem nem o que pensar. No trem você pode andar, você pode comer, você pode ir ao banheiro e algumas vezes pode acontecer de você nem ter que pagar. Você pode só admirar a paisagem pela janela, talvez conversar com a pessoa do lado - se ela for interessante.
Aliás, na Holanda, existe um jornal nos trens onde os viajantes colocam anúncios para procurar pessoas que conheceram uma vez numa viagem de trem. Se ainda me lembro da tradução, era mais ou menos assim: "Eu sou de Haia e ela de Breda. Fizemos uma viagem muito agradável, conversamos sobre tudo, inclusive sobre (alguma coisa bem específica que a faria reconhecê-lo), mas tive que descer e não conseguimos nem trocar telefone. Gostaria de encontrá-la de novo". Imagine isso num ônibus no Brasil.
E o barco? É um meio de transporte maravilhoso, mas muito limitado. De qualquer maneira, com o sol a pino e o vento no rosto, enfrentar as ondas é uma das poucas sensações de adrenalina que mi piacciono. Navegar é preciso. Navio, então, como diria uma amiga, c'est la classe! Um cruzeiro, oulálá!
Mesmo com prós ou contras, se for para sair de onde estou, não importa como. O único problema é o meu grande vício: o avião. Falem o que quiserem, podem cair de vez em quando, pode ter a criança pentelha te chutando o tempo todo, pode ter até o bêbado com o chulé na sua cara. Não tem nada igual. Não consigo ficar muito tempo sem subir aos céus. Preciso estar no ar. Ver tudo lá de cima, chegar mais longe. Nada pode dar errado. "Em caso de despressurização, máscaras de oxigênio cairam automaticamente". Exite algo mais confortante do que saber que mesmo se o mundo estiver acabando, o seu assento é flutuante? É um risco que se tem que correr, para conhecer o novo. Preciso pegar um avião urgente!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Begining...


Pra que fazer um blog? Para dizer o quê? Acho que todos nos sentimos estrangeiros, pelo menos uma vez na vida. Eu me sinto estrangeira sempre e em todos os lugares. E você?

Why make a blog? To say what? I guess we all felt like foreigners at least once in our lives. Me, I always feel like i don´t belong anywhere, like a foreigner all the time. How about you?

Pourquoi faire un blog? Pour quoi dire? Je crois que tous nous nous sommes sentis étrangers, au moins une fois dans la vie. Moi, je me sens une étrangère toujours et partout. Et toi?

Perchè fare un blog? Per dire cosa? Credo che tutti già ci siamo sentiti stragneri almeno una volta nella vita. Io mi sento stragnera tutto il tempo e dappertutto. E te?