A palavra gringo, de acordo com o Houaiss, vem da
deformação de griego 'grego' (grigo > gringo), com o sentido de língua incompreensível em comparação ao latim; na Espanha, aplicado apenas à linguagem, foi usado na América em relação aos estrangeiros, que falavam uma linguagem ininteligível.No entanto, esta não é a única explicação para a origem do vocábulo. Conta-se que ele surgiu durante a guerra entre México e EUA, entre 1846 e 1848, porque os americanos cantavam "Green Grow the Lilacs" e os mexicanos repetiam, ou porque o uniforme dos yakees era verde (outra história questionével) e os mexicanos gritavam Green Go! Se alguém tiver mais alguma versão, por favor, compartilhe.
Não sei qual delas é a verdadeira, nem se uma delas é verdadeira. O fato é que por mais que se discuta a etimologia da palavra, seguramente, concorda-se sempre na semântica. Gringo é, ainda segundo o Houaiss,
qualquer indivíduo estrangeiro, residente em ou de passagem pelo país, especialmente quando falante de língua não vernácula.E apesar de falar várias línguas, eu sempre sou gringa onde quer que eu vá. Nunca fui a terras muito orientais, mas não tenho esperanç alguma de ser considerada nativa por lá.
Na Ítália, já fui austríaca, americana, canadense, espanhola e alemã, além é claro de ouvir comentários do tipo: "Você não é branca demais para ser brasileira?"Na França, virei inglesa, australiana, belga e dinamarquesa.
Em Buenos Aires, no albergue onde fiquei, já fui holandesa - inclusive uma das vezes foi um holandês que achou -, irlandesa e francesa. No táxi, virei sueca. Enquanto derretíamos na capital portenha, o taxista me perguntou se no meu país não estava nevando. Quando falei que no meu país não nevava, ele virou para trás surpreso e me disse: "Desde quando não neva na Suécia?"
Em Estocolmo, numa loja de souvenirs, a vendedora também achou que eu era sueca. Segundo um amigo nórdico, eu só não poderia ser, porque meu cabelo é muito grosso.
De qualquer forma, todas essas situações não se comparam ao que me aconteceu no Brasil.
Uma vez, durante o carnaval, eu estava passeando a pé no Rio e um homem que descia do ônibus parou na minha frente e começou a sambar sorrindo. Eu olhei para ele com aquela famosa cara de interrogação e segundos depois, perguntei: "O que é isso?" Imediatamente, ele deixou de sorrir e disse: "Ah, você é brasileira." Parou de sambar, abaixou a cabeça e seguiu seu caminho.

E a última foi na Ilha Grande, quando o barqueiro disse para meus amigos, a meu respeito: "Essa nasceu para ser gringa!"
Então assumi. Sou gringa mesmo. Uma grande mistura de raças e nacionalidades e línguas. Não tenho pátria. Sou estrangeira dentro do meu próprio país. E em todos os outros lugares do mundo.