terça-feira, 25 de março de 2008

Taxi Drive


Brasil. País de contrastes, de brancos e negros, de amarelos e vermelhos, de grandes e pequenos. De ricos de pobres. De nordeste, sudeste, centro-oeste e norte e sul.
Mas também país de brasileiros, de gringos e de estrangeiros que adotaram a nação como sua.
Como por exemplo, o Português chofer de táxi no Rio de Janeiro há 40 anos que apareceu às 7h da manhã da segunda-feira seguinte à Páscoa. Certamente um personagem dos mais cariocas que já existiram
Nascido em Portugal, o Português veio para o Brasil deixando filhos na terrinha e decidiu se estabelecer por aqui aparentemente para sempre.
Começou sua carreira como agiota, emprestando dinheiro com juros altíssimos a moças e rapazes de bem nos bairros nobres da ex-capital brasileira.
Esta atividade lhe rendeu dois imóveis, um na zona oeste e outro na zona norte.
Paralelamente, comprou uma licença para ser chofer de praça e comprou seu veículo de acordo com as normas da cidade maravilhosa.
Desta maneira, não só ele mantinha excelentes contatos - conhecendo endereço e telefone da mais fina flor da sociedade carioca -, como também ainda conseguia arrancar uns trocados da maior atividade desenvolvida na cidade: o turismo.
Apesar dos pesares, o Português aparentemente não conseguiu aprender boas maneiras com as companhias, talvez, porque na realidade, ele sempre foi uma pessoa muito só.
Uma pessoa que mudou de país e passou a vida dependendo da desgraça alheia, esperando que quem sabe um dia, alguém fosse gostar mesmo dele.
Mas a verdade é que, quanto mais ele procurava, mais ele dava com os burros n´água. Sua primeira grande paixão tupiniquim foi uma senhora casada, de "fino trato", a quem ele emprestou "o que hoje equivaleria a R$ 5.000,00".
Os dois passaram bons momentos juntos entre quatro paredes até que as coisas começaram a se complicar: a mulher queria deixar o marido pelo Português, mas o pobre não poderia aceitar assim uma mulher que "só era bonita (muito bonita), mas não era nada boa"(de cama). E ainda por cima não queria pagar o que lhe devia.
Então, deixou-a. Mas a moça, de coração partido, correu para o ponto de táxi para reclamar que havia sido sexualmente abordada pelo motorista que não a quis.
Imagine você que o Português perdeu a compostura: ao saber que seu nome estava sendo jogado na lama, por causa de uma mulher que nem era boa de cama, o homem subiu nas tamancas e foi ao encontro da amante para tirar satisfações.
"Onde já se viu? Se ela queria dizer alguma coisa, que dissesse a verdade."
E foi o que aconteceu. Confrontada e pressionada, após uma briga terrível, ela correu para os chefes do Português para esclarecer a situação e logo em seguida, mudou-se de cidade com o marido.
Depois de tamanha decepção, o Português decidiu que para ter mulheres em sua vida, só se as pagasse, porque desta forma, garantiria que elas se fossem depois.
"Mesmo assim ainda pode dar problemas".
Hoje, sua vida se resume a trabalhar umas poucas horas como taxista, manter os dois apartamentos, receber os netos que vêm de Portugal de vez em quando para visitá-lo e dizer que os portugueses são todos burros mesmo para iniciar os infinitos monólogos sobre sua vida que desenvolve no carro de manhã cedo.
Se a história é real ou não, não vou atrás para averiguar os detalhes. Mas o taxista existe mesmo e me contou todos esses fatos e ainda mais alguns que me privei de mencionar por achá-los um pouco over.
De qualquer forma, eu diria que senão a vida, pelo menos a história deste português é bastante rodriguiana.

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