quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Io non ho paura


Medo. Tenho medo de muitas coisas, mas não tenho medo do desconhecido. Sempre ou quase sempre viajo sozinha. E nunca tive medo. No avião também, sempre viajei muito serena.
Mas tem gente que diz que não teria coragem de viajar sozinha e outras pessoas que têm muito medo de avião.
Essa história de viajar sozinho não entendo bem o porquê do medo. Já passei por situações pazzesche, já fui a lugares sem conhecer ninguém, sem ter lugar para dormir, com o espírito mochileiro mesmo - se tivesse que passar a noite num parque ou numa estação de trem, tant pis - mas tive a sorte de nunca ter estado em nenhum grande perigo.
A verdade é que eu nunca me aperto. Tudo bem que nunca fui a lugar nenhum onde se falasse uma língua muito diferente (se bem que: o que seria uma língua muito diferente?), nem a nenhum lugar com uma cultura que fosse muito sexista ou excludente, ao menos em relação a mim. Mas se eu precisar, aprendo meia dúzia de palavras, acho alguém com quem seja possível me comunicar, me viro e não tenho que dormir ao relento.
Isso também fez parte de um desafio que fiz a mim mesma, de tentar não deixar tudo acertadinho antes. O único problema é que eu fiquei viciada em não planejar e agora não consigo marcar nada nem para hoje à noite!
Agora, o medo de avião, eu também não entendia. Mas entendo que é uma coisa irracional. Não tem realmente um porquê. Nunca tive medo de avião. Duas amigas minhas tomam remédios para enfrentar a situação. Uma vez eu tentei tomar o remédio que uma delas toma para relaxar no vôo e o resultado foi que eu dormi mais de 36 horas seguidas. Fiquei completamente dopada.
Já peguei turbulências menores, aquelas caídas de 100m que o avião dá por conta da mudança de temperaturas e massas de ar do lado de fora, mas nunca senti medo mesmo até minha viagem para Porto Alegre em julho.
Por algum motivo, os céus estavam mais arredios. Meu vôo de ida e o de volta foram bastante turbulentos, a ponto de me incomodar e eu não me sentir bem. Isso tudo aconteceu antes do acidente da TAM. Cheguei em São Paulo um dia antes. Mas o céu já não estava pra peixe. Ou melhor, para os aviões.
E parece que a maré anda bem ruim ainda. Mas não deixo de voar. E você?

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