quinta-feira, 23 de abril de 2009

Beware


Quando vou viajar, estou sempre preparada para enfrentear o que vier, como uma grande aventura. Se tiver que dormir na estação de trem eu durmo. Se for para sair correndo de algum lugar porque percebi que não era um bom lugar para mim, eu corro. Quando tenho que cair, eu caio. Estou pronta para tudo. Mas vez ou outra aparece uma surpresa. E como toda boa surpresa - às vezes nem tão boa -, lhe pega completamente despreparada.
E foi o que aconteceu nesta última viagem.
Fui viajar gripada, com dor de garganta, nariz escorrendo e até um pouco de febre. Tudo apareceu bem no dia da viagem. Mas tudo bem, porque ainda deu tempo para comprar um quilo de vitamina e pelo menos enganar a garganta.
Também perdi a hora de ir para o aeroporto. Mas já havia feito o check in on line, e com um pouco de conversa e sorte, apesar do atraso, consegui embarcar.
Até aí, ainda tudo faz parte das coisas que eu posso controlar de alguma forma. E fui controlando. De certa forma, chegar atrasada foi bom: me colocou na classe executiva!
Chegando lá, tomei meu rumo, direto para onde tinha reserva e depois de instalada fui encontrar meus amigos. Tão receptivos, tão amigos. Da onça.
Em todas as viagens que já fiz nunca me havia acontecido isso, mas talvez tenha finalmente chegado a hora.
Na verdade, o que posso dizer? Me enganei. Acreditei em uma pessoa em que não deveria ter acreditado. Ou que fiz uma idéia errada de alguém. E como nos enganamos com as pessoas.
Confiei em um amigo, mas amigo mesmo - or so I thought. Uma pessoa com quem sempre pude contar e que sempre pôde contar comigo. E de repente ele mudou de idéia. E de comportamento. Eu não entendi mais nada. Tive que correr para não ficar na mão. E resolvi o problema. Mas não a decepção. E ainda estou triste.
Acho que de todas as coisas ruins que podem acontecer em uma viagem, de todas as coisas que podem dar errado, acho que a pior delas é descobrir esse outro lado dos so called amigos.
Viajar, às vezes, pode ser uma boa forma de conhecer melhor as pessoas. Too bad!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Farfalla Azzurra


Numa Ilha Grande, era uma vez uma trilha que levava a uma praia paradisíca. Na verdade, eram duas trilhas. Uma mais curta, menos protegida, mais íngreme. Outra mais plana, mais longa e cheia de árvores. E as duas terminavam na mesma praia. Mas cada uma numa ponta.
A mais curta sempre foi a preferida do grande público, talvez por pura economia de tempo.
E é por isso que eu sempre escolho a segunda. Porque está sempre vazia, porque não se caminha sob o sol e ainda existem algumas coisas particulares a ela que fazem valer a pena.
Vale, por exemplo, pela caminhada. Para quem vive sedentário é uma ótima chance de se movimentar. E não precisa ter um super preparo físico. Mas não é uma caminhada numa esteira de academia. É numa trilha com vegetação por todos os lados.
Já que está quase sempre sem gente, você tem tempo para pensar na vida, nas coisas, estar com você mesmo ou com a companhia que quiser. Mas não pense que só porque as pessoas não escolhem esta trilha, não tem ninguém por lá. A vida da Mata Atlântica é muito rica. Mas não só. Para aumentar o gostinho da aventura, ainda algum louca desvairado decidiu levar uns jacarés para uma propriedade de lá. Certo é, que até hoje, diz-se que só viram um, sem uma pata numa praia, nunca nesta trilha. Mas o perigo está informado nas placas.
O mais importante, com certeza, é uma amiga que eu fiz, que sempre aparece para me guiar no fim do caminho. Uma borboleta azul enorme que sempre me passa as últimas coordenadas para chegar à Lopes Mendes.
Muita gente disse que já viu esta borboleta, mas a verdade é que das últimas vezes que eu fui para lá, acabei pegando o caminha mais curto, um pouco contra a minha vontade. Mas a borboleta azul não deixou que eu perdesse meu rumo. Lá estava ela de novo. O que eu posso dizer, é que quando eu estou chegando perto da praia, seja por um lado ou por outro, a borboleta sempre vem dizer olá.