quinta-feira, 19 de junho de 2008

Vive la différence!


Você se lembra de quando estava no primário (ou escola elementar ou sei lá mais como chamam hoje)?
Sua rotina era ir para a escola, aprender uma meia duzia de coisas que não tinham serventia alguma, tudo para poder entrar no pega-pega, na amarelinha, na queimada ou quem sabe bater umas figurinhas durante o recreio.
Bom mesmo eram aqueles passeios malucos de um dia. Juntavam todo mundo da mesma série e lá se ia ao zoologico, ao butantã... Me lembro de dois destes passeios que me marcaram muito: um foi a ida a uma casa de fazenda, para conhecer os animais e aprender a fazer pão - paixão que eu guardo até hoje - e o outro, foi uma ida a Santos, para ver a cidade e subir o bondinho.
Et voilà, esses eram os dias em que a gente se divertia o tempo todo e não só no recreio.
Hoje, passeando por Auvers-Sur-Oise - vilarejo onde Van Gogh passou seus últimos anos de vida - me deparei com um grupo de escolares.
E claro, como o motivo de a cidade ser minimamente conhecida é a passagem dos impressionistas por ela, as crianças estavam aprendendo um pouco de história da arte.
Van Gogh, Cézanne e Pizarro mudaram-se para o vilarejo para afastar-se da cidade grande, aproveitar a vida no campo e usar as luzes do norte como inspiração para a produção de parte de suas obras.
Imagine-se lá, ainda criança, olhando uma das bailarinas de Dégas? E o passeio com a escola é para a casa onde as Niféias de Monet foram realizadas ou para seguir os últimos passos da vida de Van Gogh?
Como eu gostaria de ter passado a minha infância assim! Minha mãe fez o possivel, com um milhão de livros de arte em casa e sua paixão pelo assunto.
Comentei todo esse pensamento com um amigo italiano que foi visitar a cidade comigo e sua replica foi:
"Estas crianças não querem nem saber de Van Gogh. Quando eu ia fazer esses passeios com a escola, eu queria mais era fazer farra com os amigos!"
E me lembrei de uma francesa, que conheci há dois anos, quando discutiamos o assunto:
"A coisa mais chata do mundo era ir com a escola ao Louvre! Era super comum! E agora eu vejo todo mundo esperando na fila para entrar. Uma loucura!"
Mas será que tudo isso não faz diferença nenhuma no tipo de pessoas que estas crianças se tornam?

La même histoire


Sabe aqueles lugares que você chega e mesmo depois de muito tempo eles continuam sendo como a sua casa?
Para mim, Paris é assim.
Faz dois dias que estou em Paris e tudo já está no devido lugar. Meus amigos, meus lugares...
Como é possível? Anos se passam, as coisas mudam, mas mesmo assim eu continuo com a sensação de estar em casa. Eu sei que o Coolin está ali, sempre me esperando, na Rue Clement, no Marché Saint-Germain. E que por mais que as pessoas que trabalham lá mudem a cada vez que eu volto, continuam sempre no mesmo clima.
É um lugar onde você pode ir sozinho ou acompanhado, sentar numa mesa e tomar uma coca-cola, uma Guinness ou um whisky, comer um Chicken Pesto (que é meu prato favorito, apesar de eu não gostar muito de frango) e logo acaba conhecendo as pessoas das mesas ao lado.
Hoje, eu passei o dia todo lá. Sentadinha, numa mesinha no terraço, com meu copinho, conhecendo gente, batendo papo. Até que me dei conta que já eram 23h e eu tinha que correr para terminar meu drink e não perder o último metrô.